. Há remédios na água que você bebe
Quando você ingere um
medicamento, até 70% da dose é desperdiçada: simplesmente não é aproveitada
pelo organismo, e sai na urina e nas fezes. Junto com elas, o medicamento vai
embora pela privada. O problema é que os sistemas de tratamento de água não
estão equipados para retirar as moléculas dos remédios - que acabam
contaminando rios, lagos e reservatórios, até retornar à sua torneira. Ou seja:
junto com a água, você bebe medicamentos que foram excretados por outras
pessoas. São os chamados poluentes emergentes. "A concentração dessas
substâncias na água é muito pequena: algo como 1 em 1 trilhão, menos que 1 gota
numa piscina olímpica", diz José Carlos Mierzwa, professor de engenharia
ambiental da USP. "No entanto, estudos feitos na Europa e nos EUA
indicaram que espécies de peixes e répteis já tiveram alterações em seu sistema
endócrino." No Reino Unido, peixes machos expostos a hormônios presentes
em anticoncepcionais passaram a ter características femininas. Ou seja: há uma
ligação entre a presença de resíduos de medicamentos na água e problemas de
saúde em animais. "Existe um risco potencial para os humanos, e por isso
precisamos de mais estudos", afirma Mierzwa.
A Sabesp diz que a água fornecida
por ela atende à legislação e aos padrões do Ministério da Saúde, e que ainda
não há provas científicas suficientes sobre a relevância dos poluentes
emergentes. "Além de acompanhar a evolução dos estudos, a Sabesp financia
pesquisas na área. Se riscos à saúde humana forem comprovados, certamente
outros regulamentos serão expedidos pelo Ministério da Saúde e atendidos pela
Sabesp."
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